domingo, setembro 28, 2014

Flu mostra sua cara em São Paulo

Cruzeiro, Internacional, São Paulo e Fluminense. Na minha visão são os únicos quatro clubes do Brasil que têm em seus elencos peças para propor um estilo de jogo que valorize a posse e o passe. São os únicos quatro que têm totais condições de atuar dentro e fora de casa da mesma maneira (em especial depois da melhoria feita em vários gramados da elite do país). Na prática, no entanto, em regra a única equipe que se comporta da mesma forma dentro e fora de casa é o Cruzeiro – não à toa, o time com o mesmo treinador há mais tempo. (Só um parêntese: cheguei a escrever sobre isso em relação ao Inter. Leia aqui.)

Mas a Raposa não reina absoluta nesse sentido. Justiça seja feita.



Na partida diante do São Paulo, no Morumbi, neste sábado, pela 25ª rodada, o Fluminense jogou à sua maneira, mesmo fora de casa. E construiu uma das grandes vitórias do campeonato até o momento: 3 a 1, com direito a golaços de Wagner e Conca (Fred abriu o placar, em belo arremate após passe de Conca - para mim o melhor em campo). Em meio a um certame tão criticado (justamente, diga-se), é importante reconhecer e ressaltar esse feito alcançado pelo Flu.

Porque no Brasil me parece que o complexo de vira-lata se aflora fora de casa. É comum pensarmos que empatar fora de casa é bom, que somar um ponto fora de casa está de bom tamanho. Que fora de casa precisamos ser "humildes", pois quem manda na casa é o mandante e isso não se discute. Porém não nos damos conta de que futebol é onze contra onze, e que se o time tiver uma proposta de jogo bem definida, se o time tiver material humano capacitado, estiver bem treinado e confiante, pode jogar "bem" em qualquer lugar, contra qualquer um. E de repente o pensamento do "empate fora de casa" torna-se ridículo, mesquinho e pequeno. Ou seja, o complexo de vira-lata.

Há quem diga que o Grêmio faz isso. Que o Grêmio de Felipão joga dentro e fora de casa do mesmo jeito. Pode até ser. Mas joga "mal". É um time que prioriza a marcação e a bola no Dudu. É um time que se fecha com "três volantes" e busca o contra ataque. Nada contra. A estratégia é legítima. Entretanto, quando me refiro à proposta de jogo e à manutenção dela na condição de mandante e visitante, me refiro a um estilo mais elaborado, de valorização da posse de bola e da troca de passes. Foi o que, por exemplo, o time treinado por Cristóvão Borges fez, com maestria, no confronto direto com o São Paulo. Na primeira etapa, 55% de posse de bola para o tricolor carioca em terras paulistanas. Já na etapa final, arquitetou seus gols e conduziu o jogo como gente grande, trocando passes no campo ofensivo, fiel às suas características, mesmo fora de casa. Resultado: uma baita vitória contra um adversário direto na briga por uma vaga na Libertadores. Vitória que significa, além dos três pontos na tabela, confiança para os próximos desafios.

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