quinta-feira, abril 09, 2015

Um puxão de orelha na Raposa

Leandro Damião. Eis uma boa notícia para o Cruzeiro. Tem jogado bem em 2015, e na noite desta quarta-feira, diante do Mineros, no Mineirão, não foi diferente. Jogou demais. O melhor em campo na vitória celeste por 3 a 0, um pouco à frente de De Arrascaeta. Alguns dirão que o adversário era fraco, algo incontestável. Porém também é incontestável que Damião jogou demais. Se não foi contra o Barcelona ou o Real Madrid, paciência. O fato é que ele jogou demais. Centroavante de mobilidade, caindo pelos flancos e buscando o jogo atrás para abrir espaços aos companheiros, longe de atuar apenas enfiado entre os zagueiros – mas sem abdicar de trabalhar como referência, claro. Dunga, aliás, deve estar doido para convocá-lo. Falta no elenco da Seleção um camisa 9 estilo Damião.



Outra boa notícia para o Cruzeiro é a convicção de Marcelo Oliveira. Desde o começo da temporada ele frisou a importância de repetir o XI na medida do possível, e assim ele tem feito. Trocando uma peça aqui, outra ali, quando necessário, contudo sempre no mesmo esquema tático: o habitual 4-2-3-1, adotado em 2013 e 2014. Contra o Mineros, a linha de três foi composta por Willian, De Arrascaeta e Alisson, enquanto Willians e Henrique formaram a dupla de volantes, e Mayke, Léo, Paulo André e Mena a linha de quatro da defesa (além de Damião, claro). No segundo tempo Marcelo colocou Gabriel Xavier no lugar de Willian (ponta direita), Seymour no de Willians (ao lado de Henrique) e Joel no de Alisson (ponta esquerda). Ou seja, o treinador tem mantido sua palavra e tem repetido o XI, trocando uma peça aqui, outra ali. E isso é ótimo, pois só assim se adquire entrosamento e se evolui. Mas como nem tudo são flores, é preciso registrar o lado negativo, para manter os pés no chão.

Não é de hoje que o Cruzeiro de Marcelo Oliveira se comporta desta maneira. Foi bicampeão brasileiro jogando assim, é verdade. Mas foi assim também que foi eliminado da Libertadores no ano passado. Pode parecer um elogio, todavia é uma crítica: o time é muito vertical. Vertical demais. Quando retoma a bola, parte para cima sem pensar duas vezes, visando chegar ao gol em poucos passes, explorando a velocidade e a individualidade de seus homens de frente. Mas isso não é bom, Carlão? Até é. Porém essa estratégia tem um efeito colateral que pode pôr em cheque toda a campanha. Pelo seguinte: ao optar por verticalizar o jogo dessa forma, abrem-se muitos espaços entre os setores. Ao optar por esse estilo, fica difícil, para não dizer impossível, subir em bloco, e é aí que surgem os espaços. Em outras palavras, é difícil, para não dizer impossível, um time tão vertical obter compactação. E é justamente essa falta de compactação – tão comum nos times brasileiros – que oferece espaços para a outra equipe crescer. Portanto talvez seja necessário, na medida do possível, adicionar um pouco de cadência a essa verticalização toda.

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