Vale refrescar a memória. O time só engrenou quando Messi passou para a ponta direita e Suárez foi jogar como centroavante. Até então, nas primeiras partidas da temporada 2014/15, com o uruguaio em campo (lembre-se que ele perdeu dois meses da temporada devido à punição da FIFA), Messi foi falso nove e Suárez ponta-direita. Isso mesmo. Nos primeiros jogos do trio MSN, Luis Suárez foi o ponta-direita, Neymar Jr. o ponta-esquerda e Lionel Messi o centroavante. Eis que, lá pelas tantas, o camisa 10 passou para a ponta direita, o camisa 9 passou a jogar como nove, e tudo mudou. Para melhor.
Quando Suárez foi contratado, aliás, visualizei de imediato o time no 4-3-3 habitual, com Messi numa ponta, Neymar na outra e ele como centroavante. Parecia-me tão óbvio. Não só para mim, mas para uma galera. Luis Enrique, no entanto, demorou a enxergar o óbvio. Em defesa do treinador, confesso que cheguei a pensar que Messi não queria voltar à ponta, que não queria abandonar o papel de falso nove (invenção de Pep), pois nunca fora tão goleador na carreira. Pensei, inclusive, que o desentendimento entre Luis Enrique e Messi, no começo da temporada, tinha a ver com isso. E talvez até tenha. Contudo, mais tarde fiquei sabendo que quem decidiu pelo retorno de Messi à ponta direita foi o próprio Messi! Numa rodada qualquer da Liga (ou neste jogo aqui contra o Ajax), ele inverteu com Suárez por iniciativa própria e ordenou ao ex-Liverpool: “fique por aí”. A partir disso, tudo mudou.
Portanto, quando a gente for enaltecer o trabalho de Luis Enrique, quando a gente for comparar seus números em sua primeira temporada como treinador do Barcelona com os números de Guardiola, por exemplo, a gente precisa se lembrar deste detalhe. A gente precisa se lembrar que o ponto de mutação que colocou a equipe e principalmente o trio MSN nos trilhos na temporada 2014/15 foi justamente o retorno do canhoto Messi à ponta direita, depois de tanto tempo jogando como falso nove (e o reposicionamento de Suárez como centroavante), vide esta prancheta. Ou seja, a grande mudança do Barcelona campeão espanhol e finalista da Champions League foi de ordem tática, e ela passou pelo dedo de Messi, não do treinador.
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