Pare e pense. O mata-mata da Champions League começa cinco meses após o início da fase de grupos. Já o mata-mata da Copa Libertadores começa dois meses e meio após o início da fase de grupos. O dobro de tempo. O que isso significa? Muitas coisas.
Entre outras, significa que os times da Champions League têm duas vezes mais tempo para se desenvolver (lembre-se que muitos deles com o elenco reformulado, com peças diferentes no XI, nomes que chegaram e nomes que saíram na janela de transferências de verão) e que têm mais chances de entrarem nas oitavas de final da competição num estágio de evolução mais avançado. Significa que os times, ambos os adversários, entram na fase de mata-mata em tese mais preparados para matar do que para morrer – o que sem dúvida eleva o nível da disputa.
Significa também que se um jogador se machucar e ficar, sei lá, uns quatro meses no estaleiro, ele terá tempo para se recuperar e possivelmente não vai perder a competição praticamente toda, como aconteceria na Libertadores. Se, sei lá, Modric ou Thiago Alcântara jogasse na Libertadores e ficasse uns quatro meses parado, perderia praticamente toda a competição de clubes mais importante do continente. Na Liga dos Campeões, em contrapartida, a probabilidade dele se recuperar em tempo seria bem maior, uma vez que ela é disputada em dois semestres e não apenas em um (isso também se aplica a pequenas lesões musculares, por exemplo, já que o intervalo entre os jogos é maior, já que os jogos são mais espaçados).
Enfim. Em outras palavras, no fim das contas, entre outras coisas (inclusive sob o ponto de vista mercadológico), significa que a qualidade do produto final aumenta com o dobro de tempo para se treinar/jogar, com o dobro de tempo para se evoluir. Pois a partir das oitavas de final (a melhor parte!) os dezesseis classificados já estão em tese num estágio de maturidade mais avançado do que se tivessem entrado nas oitavas com a metade de tempo para treinar/jogar, com a metade de tempo para evoluir. Embora o futebol não seja uma ciência exata, é uma questão matemática, simples assim. E isso faz sim diferença no nível do espetáculo (claro, desde que haja qualidade e competência por parte dos jogadores e principalmente dos treinadores envolvidos; se o treinador for ruim, não há tempo que resolva).
Um comentário:
Carlão, eu acho o seguinte:
Na Europa os calendários dos campeonatos nacionais são feitos com base nas competições continentais da UEFA.
Aqui, a Conmebol e as Federações não andam juntas, é cada um por si e a bagunça por todos.
Enquanto a Conmebol não organizar uma Libertadores decente, não haverá campeonatos nacionais decentes.
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