domingo, junho 08, 2014

Duas soluções para o mesmo problema

Pelo visto me enganei. Quando Franck Ribéry foi cortado, disse no Twitter e no Facebook que seu provável substituto era Antoine Griezmann. Neste domingo, no amistoso contra a Jamaica, no entanto, quem ocupou a ponta esquerda do 4-3-3 francês foi Karim Benzema (o melhor em campo, diga-se, com dois gols e uma assistência). Imaginei que o reserva imediato do camisa 7 fosse o jogador da Real Sociedad porque, no amistoso contra a Noruega, na semana retrasada, ele foi o titular (veja aqui a prancheta). O desempenho diante dos jamaicanos (três a zero no primeiro tempo, mais cinco tentos no segundo), todavia, pode indicar a manutenção de Benzema por ali, e Griezmann no banco. (A arte abaixo é da France Football.)



Uma das desvantagens de se ter Benzema na ponta é evidente: poder de marcação. O centroavante do Real Madrid me parece lento e pesado para acompanhar o lateral-direito do outro time. Claro, dependendo do lado direito ofensivo do oponente, isso não significa muita coisa. Ainda mais se a França conseguir impor um misto de valorização da posse de bola com marcação por pressão, lá em cima. Já contra adversários que possuem um lateral-direito leve e arisco (a exemplo de um ponta-direita), a bomba pode estourar no colo de Evra (se Matuidi cobre aquele lado, abre-se espaço no meio, é uma questão matemática). Mas essa talvez seja a única desvantagem. As vantagens, por outro lado, são inúmeras.

A primeira delas também é evidente: poder de finalização. Com ele e Giroud em campo, os franceses contam com dois goleadores, dois atacantes que não pensam duas vezes antes de bater em gol. O fortalecimento da jogada aérea (defensiva, inclusive) com os dois em campo também merece destaque. Outro ponto a favor de Benzema em relação a Griezmann à esquerda, na do Ribéry, é o fato dele ser destro. Griezmann é mais leve, é mais habilidoso, é mais winger que Benzema, sem dúvida, mas é canhoto. O fato de Benzema ser destro cria a possibilidade da puxada para dentro e do chute em gol com a parte de dentro do pé, uma arma letal, vide seus gols em cima da Jamaica.

Existe uma terceira possibilidade, com Giroud, Benzema e Griezmann juntos, que jamais vi na prática, porém em tese me parece pertinente em ocasiões especiais, em eventuais situações de reversão de placar e etc: um 4-4-2 em linha com Valbuena na extrema direita, Griezmann na esquerda, e Benzema e Giroud na frente, além dos dois volantes. O duro é desmontar o trio composto por Cabaye, Pogba e Matuidi, eu sei. Contudo, como disse, é uma alternativa para ocasiões especiais. E o fato dos wingers serem um destro à direita e um canhoto à esquerda, favoreceria os cruzamentos, o chuveirinho, bem-vindo em momentos de desespero.

O desfalque de Ribéry pesa demais, claro. Talvez não pese tanto quanto Falcao García para a Colômbia, mas com certeza pesa mais do que Reus para a Alemanha, por exemplo. Entretanto lamentar não leva a nada, e Didier Deschamps tem duas soluções (ou até três) interessantes em mãos para o problema. Dependendo das características do adversário, pode ser que o treinador opte por Griezmann ou Benzema na ponta esquerda. Seja como for, apesar do empolgantíssimo 8 a 0 na Jamaica, não se espera da França uma campanha pelo título (eu pelo menos não espero, nem com Ribéry). Se a obviedade prevalecer, Les Bleus devem ser eliminados pela Alemanha nas quartas de final. É sabido, no entanto, que o futebol não é um terreno fértil para obviedades.

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