Se você conhecer outro, por favor, me conte. Mas até onde sei, só existe um argumento mais ou menos convincente a favor de Oscar numa das beiradas: deixar Neymar "livre". Em vez de escalar o ponta-esquerda nato Neymar na ponta esquerda, o que naturalmente iria exigir dele a marcação ao lateral-direito (como acontece no Barcelona, por exemplo), Felipão o escala solto, para circular atrás do centroavante e por onde ele bem entender, enquanto o "trabalho sujo" de marcar o lateral adversário fica a cargo de Oscar (contra o Chile, assim como diante da Croácia, Oscar atuou à direita e Hulk à esquerda - sendo que, com a bola, o canhoto Hulk rende mais pela direita).
Há quem goste desse argumento, especialmente no nosso país. Há quem diga que o craque do time não precisa marcar ninguém. Há quem pense que o craque do time precisa estar descansado para poder decidir quando a bola chegar nele. Há quem acredite que a individualidade pode ser mais decisiva do que a coletividade. Claro. Cada caso é um caso. Eu, no entanto, no caso brasileiro, discordo com veemência, por dois motivos (um de ordem tática e outro de ordem emocional). Em outras palavras, uma escolha mal feita por parte do treinador acarreta em dois erros.
Em primeiro lugar, a razão crucial: ao "sacrificar" Oscar numa das beiradas, Felipão mata o meio de campo. O setor mais importante do jogo de futebol, o meio de campo, no caso da seleção brasileira, praticamente inexiste porque o principal meio-campista da equipe é escalado pelo flanco. Ao optar por Oscar pela beirada (para que Neymar não precise marcar o lateral e fique livre para decidir), a meia cancha carece de aproximação, carece de criação, carece de troca de passes, etc. Ao optar por Oscar pela beirada (para que Neymar não precise marcar o lateral), o segundo volante fica isolado pela faixa central, e essa região do gramado, tão vital, é oferecida de bandeja ao oponente. Esse é o motivo tático.
O segundo motivo é simbólico. Pois, ao optar por um esquema para deixar o camisa 10 livre, leve e solto, Felipão nas entrelinhas diz: estou preparando o terreno para que o cara do time decida. Ou seja, o já pressionado Neymar (22 anos), por tudo o que representa, por se tratar de uma Copa no Brasil, fica ainda mais pressionado. É evidente, o time vai sempre depender do craque do time. É evidente que a Argentina depende de Messi, que o Brasil depende de Neymar, e assim por diante. Mas, ao optar por Oscar pela beirada, além de matar o meio campo verde e amarelo, Luiz Felipe Scolari aumenta ainda mais essa dependência, e põe mais peso ainda sobre os ombros do já pressionado Neymar, como quem diz: eles estão correndo por você, agora vá lá e resolva.
Um comentário:
O pior é o Felipão nao ter levado um armador de ofício para a copa. Abraços...
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