Não sei se foi preocupação excessiva com Dzeko, se foi uma consequência dos treinamentos... Só sei que, diante da Bósnia, na estreia da Copa, neste domingo, no Maracanã, Sabella mudou o XI e o esquema tático habituais da Argentina: trocou o 4-4-2 em losango pelo 3-5-2, e quem pagou o pato foi Higuaín.
Sem o centroavante do Napoli, o time ficou sem profundidade. Sem Gonzalo para aprofundar a defesa adversária, as linhas da Bósnia ficaram próximas e a marcação em Messi era sempre dobrada. Os espaços ficaram escassos, e o desempenho do 10 foi bastante abaixo da média. Basicamente foi anulado na ponta direita, no primeiro tempo.
Falei em 3-5-2, mas pode-se ler 3-4-3, já que Messi atuou na ponta direita mesmo, enquanto Agüero trabalhou na referência (não é a dele), e Di María caiu quase sempre pela ponta esquerda. Ou seja, com três homens na zaga, dois nas alas e, digamos assim, três no ataque, o miolo da meia cancha ficou exposto demais com Mascherano e Maxi Rodríguez. Resultado: nos primeiros 45 minutos a Argentina sofreu defensiva e ofensivamente, sem e com a bola.
Sabella corrigiu no intervalo. Foi sábio e não insistiu no erro. Reconheceu que a mudança feita por ele não deu certo - pelo contrário, deu errado com força - e voltou à etapa final com a equipe habitual. Fez duas substituições (Campagnaro e Maxi por Higuaín e Gago) e voltou com a linha de quatro na defesa, a trinca formada por Mascherano, Gago e Di María. E Messi virou enganche, desprendido da ponta direita, centralizado, atrás da dupla Higuaín e Agüero.
Dessa maneira, no 4-3-1-2, com Messi recompondo sem a bola lentamente, literalmente andando em campo (Di María, em compensação, é o demônio nesse aspecto), a Argentina se reencontrou, se reergueu tanto defensiva quanto ofensivamente, atingiu o equilíbrio, e merecidamente alcançou a vitória (2 a 1).
Sem dúvida, esse é o caminho. Sabella, penso eu, se deu conta de que no Fantastic Four não se mexe. Imagino eu, se deu conta de que, independente das características do adversário, Di María, Messi, Agüero e Higuaín jogam juntos, não só por uma questão técnica, mas também pela questão tática. Pois com o centroavante do Napoli no gramado, o rendimento dos demais cresce (em especial o de Messi e Agüero). E o esquema mais indicado para encaixar os quatro é esse 4-4-2 em losango mesmo (4-3-1-2).
Sem querer comparar mas já comparando, pode-se traçar um paralelo, por exemplo, com o time de van Gaal. Que joga no 3-5-2 (3-4-1-2), é verdade, porém deixa os três caras mais adiantados sem tantas responsabilidades defensivas. Na Holanda, Sneijder, Robben e van Persie correm bem menos sem a bola do que os outros sete companheiros de linha. Na Argentina, mal comparando, isso ocorre com Messi, Agüero e Higuaín.
Enfim. Espero que na segunda rodada, contra o Irã, dia 21, sábado, em Belo Horizonte, Sabella inicie com o XI da segunda prancheta.
2 comentários:
Boas análises e interessante o paralelo traçado com o esquema de Van Gaal. Pertinente.
Também escrevi sobre o jogo da Argentina e os demais de hoje. Caso se interesse: www.canalsports.com.br/viniciusfranco
Abs
A mudança realmente foi fundamental, mas não vejo o time da Argentina hoje sendo páreo para seleções como Brasil, Alemanha, Holanda e Bélgica.
Acredito que existe muito desequilíbrio com uma defesa muito ruim, meio de campo regular e um ataque muito bom (quando Aguero e Higuain estão bem, pois muitas vezes são irregulares também).
É claro que Messi pode desequilibrar e decidir o jogo, mas não sei se contra seleções que possuem um elenco equilibrado isso daria certo.
Dí Maria realmente joga muita bola no Real, mas lá as atenções e as marcações geralmente estão no CR7 e Bale, na Argentina acredito que os adversários não darão tanta liberdade assim para ele.
Um abraço!
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